Ressaca
Literária
Quem nunca?
Pois então, eu acabo um livro muito feliz e decido
começar outro mais ousado, aquele que estou enrolando faz pelo menos uns quatro
anos para ler, porque é para o trabalho, um clássico do qual nunca gostei nem
do resumo, mas que tenho que ler por orgulho próprio. Estipulei um prazo para a
leitura e fui. E fui. E fui. Aí, ir passou a ser tão difícil. Aí, chegou um dia
que não queria ir mais. Aí, arranjei mil desculpas para não relar mais nele.
Aí, ... Gente. Empaquei. Fiquei um mês para ler 90 míseras páginas de um livros
de 250. Qual livro? Não importa se você sabe o que é uma ressaca literária.
Aquele momento em que nada que lemos parece ser bom, não há ânimo, curiosidade,
tempo, nada. De repente ler virou um desgosto. E para um leitor obsessivo como
eu, não há coisa pior. Talvez só dor de dente.
No meu caso, eu estava lendo “Canaã”, do Graça Aranha. Livro
que consegue misturar só o que há de pior nas descrições do Tolkien com o
Alencar, sem, obviamente, os dramas amorosos do último e as aventuras cavalheirescas
do primeiro. Ainda fui muito besta por querer ler um livro tão difícil assim em
época de preparação de provas e correção das mesmas. Eu estava saturada de
trabalho, com pouco tempo até pra dormir, a faculdade havia recomeçado depois
de uma greve imensa, os preparatórios para o casamento estavam consumindo minha
alma e a fofura aqui estava querendo ler “Canaã”... besta.
Bom, aí fiz o que qualquer pessoa faria no meu lugar:
pausei o livro e decidi começar outro para ver se desencalhava. Mas, DE NOVO,
fui pensando no trabalho e decidir começar a ler “Regresso ao Admirável Mundo
Novo”: livro maravilhoso, mas com capítulos gorduchos e ensaísticos. Com o
pouco tempo que tinha, não conseguia ler um capítulo inteiro de uma só vez; aí
era forçada a recomeçá-lo toda vez que pega o livro. Foi um inferno. Comecei a
ficar brava. E não queria ficar brava com um livro tão bom. Parei também. Nesse
interim já havia passado quase que dois meses.
Resetei. Comecei um besteirol que havia comprado fazia
uns meses pela sinopse. “O tango da velha guarda”. História promissora, capa
bonita, nas estantes dos mais vendidos. Devia ser uma leitura leve pra me tirar
desse momento de encalho. Mas NÃOOO. Nunca li nada tão enrolado, mal traduzido,
com frases monótonas, mais análise psicológica do que o necessário, personagens
fracos, inverossímeis... aveeee. Lia cinco páginas por dia e olhe lá! Até que
fiquei uma semana sem ler absolutamente nada.
Definitivamente
uma maré de azar.
Sintoma
1: Não conseguir terminar nenhum livro.
Sintoma
2: Começar muitos livros de uma só vez.
Sintoma
3: Achar tudo que se lê chato, cansativo, impróprio pro momento.
Sintoma
4: Levar muuuuito tempo para ler um único livro.
Sintoma
5: Não ter mais vontade de mexer na sua estante de livros a serem lidos.
Sintoma
6: Não ter mais vontade de comprar livros novos.
Sintoma
7: Deixar de acompanhar notícias em blogs, sites, vlogs sobre lançamentos,
resenhas tags etc.
Sintoma
8: Cortar os pulsos.
Desespero.
Como não sabia outra forma de sair dessa, fiz o que já vinha fazendo na
esperança que desse certo: comecei mais um livro. E miraculosamente: FOI! Li
inteiro. Feliz. Amando cada trecho. Nada como um livro infantil fofo. “A escola
do bem e do mal”.
Curada.
Quase dois meses perdidos. Três livros abandonados, sendo que pretendo voltar
para apenas dois deles. Com medo.
HELP!
Se você
tem uma receita mágica para curar ressacas literárias, favor compartilhar.
Bjos