Abrasileirada
Mas é lógico que todo teatro antigo tem que ter um
fantasma. Em Fortaleza não poderia ser diferente. O Theatro José de Alencar é
assombrado por uma fantasminha super fofa e com um motivo muito justo por nunca
ter ido embora para o Lugar Melhor. De dentro dos porões cheios de fantasias
velhas, cenários carcomidos e segredos escondidos, muitas aventuras surgem para
a protagonista Anabela.
O livro é infanto-juvenil, mas confesso que morri de
amores e me esqueci da idade que tenho. A história é linda, escrita com uma
linguagem ora irônica, ora apaixonada, que traz discussões com direito a “O que
vai nos acontecer depois da morte?”, “O que vem primeiro: família ou amor?”, “Todo
fantasma é malvado?”.
A gráfica do livro é perfeita, com páginas todas
decoradas com mosaicos bem coloridos ou com fotos do teatro municipal de
Fortaleza. E não poderia ser diferente ao tratar de uma das muitas lendas que
giram em torno da construção e das apresentações de um dos teatros mais lindos
do Brasil. Há um certo clima de mito com passado histórico apimentado com
paródia.
Tudo combina,
tudo encaixa, inclusive as muitas vozes que narram o livro. Apesar de alguns
dos focos narrativos não terem coerência alguma em estarem contando certa parte
da história, porque não teria como mesmo aquela personagem ter ficado sabendo
dos sentimentos particulares de outro fulano, tudo é perdoado pelo público de
destino e pelos assuntos a serem discutidos na obra.
Adorei.
Minha futura filha lerá, com certeza!