Esse eu abandonei mesmo
Acho que quem acompanha o canal
sabe que eu tenho uma dificuldade muito grande de desistir de um livro, não
importa o quanto já tenha lido dele. Eu brigo com as páginas, xingo o autor,
chego a arremessar o exemplar algumas vezes e até dou um descanso de uns dias,
sem tocar no dito cujo, para, quem sabe, curar o mau humor que não me deixa
lê-lo. Tudo isso na esperança de que ele vai melhorar, de que algo vai me
atrair, de que eu posso aprender alguma coisa que não posso deixar passar. Tenho
medo, realmente, de perder uma oportunidade com o livro. E, afinal, toda
leitura é válida de algum modo.
Então, confesso, que não foi
algo fácil, nem uma decisão tomada sem muito “ruminar”, como diria minha avó,
abandonar “Um passado sombrio”, de Peter Straus. E ainda tinha um agravante,
minha gente, era o primeiro livro que pedia da nova parceria com a Editora
Record, já que o romance faz parte do selo Bertrand Brasil.
Vamos, assim, aos motivos. E
vou fazê-lo mesmo em tópico, já que a decisão foi tomada de maneira lógica e
objetiva:
1. As páginas são brancas. Sim.
Isso me irrita em qualquer livro ou edição. Sério. Será que ainda as editoras
não aprenderam que página branca é bom apenas para o bolso daquele que banca o
livro? Dói o olho, reflete luz, deixa-nos ver o texto do verso e é feio. Pronto
falei. Avancei umas 40 páginas e senti que ia ficar cega. Estava correndo risco
de saúde. Achei melhor parar.
2. A diagramação é apertada.
Não tenho palavra melhor para descrever isso. As margens são de um centímetro
na lateral e um pouco mais na superior e inferior. Até o espaço dado ao
parágrafo é curto. Tive a impressão que estavam fazendo um livro de bolso, só
que grande. Sabe?
3. O narrador é detestável.
Gente, que pessoa sem capacidade de ser feliz. Livro em 1ª pessoa é sempre um
risco, porque você terá às vezes muitasssss páginas para permanecer na cabeça
de alguém que não conhece. Se a nossa já irrita em alguns momentos...
imagina... Aiai. O homem é mala. Infeliz. Sozinho. Sem passatempos. Com
problemas no emprego. Com bloqueio de escrita. Sim. Ele é escritor. E não. Isso
não ajudou em nada em me atrair para o livro.
4. A apresentação que o autor
faz das personagens parece lista de supermercado. Parece que não há momento
propício para cada um entrar em cena. Todos têm que vir juntos pelo simples
fato de serem amigo. Nãoooo. Cada um pode ter a sua vez. Qual o problema de me
manter no suspense sobre alguém por duas páginas só para não me afogar em um mar
de descrições? Chegou uma hora em que eu não sabia mais meu nome, porque eu
tinha me confundido com as características de cada um. Ou será minhas? Ixi...
5. O autor troca de tempos
verbais de maneira não muito clara e fica complicado saber quando ele está
contando sobre o crime que se deu no passado e quando ele fala do presente dele
e de como estão os envolvidos hoje. Aí chegou uma hora que eu desisti de
entender e comecei a chutar. Era mais fácil.
6. E, por último, o mistério
demorou a ser mencionado. E, num livro de suspense, em que a tensão deve ser
absoluta, isso pareceu “encheção de linguiça”, como diriam todos que um dia
foram sábios alunos, já que essa é a regra número um pra quem quer passar de
ano. Né?