sábado, 6 de setembro de 2014


“Sabrina” ou “Crepúsculo”?

Minha resposta talvez seja: os dois juntos e misturados. A Saga “Cinquenta Tons”, pelo menos nos dois primeiros livros, nada mais é do que o relacionamento obsessivo de Bela e Edward regado a sexo. Confesso que não estou nem um pouco animada ao escrever esta resenha, pois só tenho análises negativas a dar.
O primeiro tópico, e o que mais me incomodou, foi o vocabulário. Este é extremamente limitado, tanto nos diálogos, nas descrições sentimentais da narradora, quanto na narração das cenas sexuais. Sério. Quantas palavras existem no mundo para nomear a relação sexual? Ou os órgãos genitais? Ou as posições, carinhos, apetrechos...? Sério. Sexo é uma das indústrias que mais movimenta dinheiro no mundo e está presente na literatura, filmes, séries, escola, alimentos, roupas... meus Deus! Como a autora não se vale desse conhecimento adquirido na TV aberta para enriquecer o livro???? Não faz sentido uma cena sexual sadomasoquista ser narrada com uma linguagem ineficiente e puritana. E os diálogos, então? Idênticos. Parece que ela criou epítetos, igual nas epopeias antigas. Só que na Grécia a repetição era necessária pela questão rítmica da escansão e não por falta de criatividade. E a frustração não para por aí, porque a relação dos dois é apresentada com vocabulário de um amor infanto-juvenil: cansativo, piegas, idealizado e CANSATIVO.
Apesar disso tudo, a escolha do tema foi inteligente sim. Primeiro, pelo dinheiro, lógico. Que tema melhor que o sexo para atrair público consumidor? Segundo, pela complexidade. Se trabalhado direito, o tema pode acrescentar muito na vida de uma pessoa, pois envolve pressões sociais, psicologia, dinheiro, autoestima, educação e lá se vai a lista... mas nada foi abordado. Nada. Crítica número 1: sadomasoquismo pode ser considerado um estilo de vida, não precisa ser causado por traumas, necessariamente. Mas não, a autora o condena do início ao fim e o embasa no contexto mais obvio possível: abuso sexual na infância. Jura? Não é só violência que gera violência. As causas são múltiplas para um comportamento como esse, inclusiva a livre escolha. Crítica número 2: a combinação de uma menina com baixa autoestima com um homem abusado e sadomasoquista é explosiva e não foi abordada em nenhum momento!!! Foi ridicularizada porque ambos agem de maneira oposta. Ela se torna a dominadora e ele o dominado. Como assim? Com base em quê? Nenhum dos dois nunca teve um relacionamento na vida? Como podem passar da água pro vinho em 15 dias – sim, é isso que leva pra eles anunciarem o casamento -?
Acho que quando a autora se deu conta de que narrar apenas cenas de sexo não ia dar três livros, muito menos quando a maior violência descrita por ela dar tapinhas do bumbum, ela resolveu criar uma trama misteriosa, de vingança e aventura. Mas sua competência para isso é idêntica a de descrever a relação sexual dos dois. Tudo é raso, óbvio e previsível.

Ruim. Muito ruim. Aiaiai que ruim. Me recuso a ler o terceiro. Ponto.
Escrito por Unknown Data: 9/06/2014 08:21:00 PM 4 comentários

4 comentários:

  1. Por essas e outras, não tenho a mínima vontade de ler esta trilogia. Mas dos comentários eu gostei. Beijos

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    1. hauhauahua.... acho que vale ler para conversar com aqueles que leram e que gostam, para entender do que eles falam e poder fazer um comentário perspicaz. Mas só pra isso serviu pra mim... hehe
      Bjinhus

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  2. Alguém na face da Terra concorda comigo.
    Sempre que faço esse tipo de crítica, tanto ao livro, quanto à escrita pobre da autora, sou tachada de chata e preconceituosa com o gênero literário. Não, o gênero não é o problema, mas sim a pobreza de vocabulário, pesquisa e dedicação ao livro.

    http://bibliotecacolorida.blogspot.com/

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  3. O livro é repetitivo. As cenas de sexo, os diálogos. Tudo é clichê. E a parte importante sobre a discussão de pessoas que precisam da dor para obter prazer não foi aprofundada. Tudo é raso. Pobre. Triste. Mas para aqueles que gostam do gênero, amém! Do gibi, ao espiritismo, ao policial, à teoria, o que vale é ler.
    Bjinhus, querida!

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