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DIA 4
Bom, com esse livro oficialmente furei
meu desafio dos “Sete dias felizes”. Achei que pela extensão conseguiria dar
conta dele em um dia, mas errei no gênero. Levei dois dias para encarar essa
pequeneza, pois a repetição dos assuntos e da forma não me atraiu, nem me
prendeu; mas definitivamente me ensinou.
Este livro é uma coletânea de entrevistas
feitas com Vinicius de Moraes, meu poeta e músico favorito. Há algumas
inéditas, outras já bem famosas; conversas gravadas em áudio, outras em televisão;
entrevistas para revistas e para arquivos de museus.
Há um pouco de tudo aqui, mas também há
muito do mesmo. Nem pela falta de criatividade dos entrevistadores, mas pelas conversas
selecionadas pelos editores: todas elas são de uma mesma década (1970...), ou
seja, que abordam um mesmo momento da vida do poeta, então as perguntas e
respostas tendem a ser as mesmas. Entretanto, este curto período de tempo já foi
o suficiente para Vininha se separar e recasar. Oh vida boêmia...!
Neste livro ouve-se muito sobre suas
parcerias, sobre sua música, sobre o início de sua carreira poética, pessoas
influentes na sua vida, seus achismos sobre a arte e pouco sobre o homem
Vinícius de Moraes; a conversa é sobretudo profissional – a não ser pela
entrevista guiada por uma de suas esposas, e outra por Clarice Lispector, que
esbanja lirismo e beleza.
Entretanto há muita verdade aqui, mas
verdades mutáveis, pois já ouvi entrevistas em que ele se contradisse, por se
referirem a outro tempo de sua vida.
Me senti ignorante certas horas pela
quantidade de gente influente que ele citou, mas também me incomodei com a
necessidade dele de se dizer próximo e amigo de todos os maiores literatos do
Brasil e do mundo... não sei se foi falta de modéstia dele ou de inteligência
minha.
Me desencantei também com algumas
afirmações de Vinicius sobre a literatura, sobre sua incapacidade de ler mais
de duas páginas de um romance, pois achava que nada era bom o suficiente para interessá-lo;
me irritei com sua descrença em algumas partes da cultura brasileira, pois acho
medíocre um poeta que só lê um gênero e que não defende nada mais do que aquilo
que faz. Sempre soube que dele tudo viria da emoção, da paixão, mesmo quando
usadas para denigrir algo, por isso o admiro ainda, por falar, seja o que for,
pelo coração, o qual nunca pode mentir. E sinceridade a gente sempre deve respeitar.
Meu eterno amor continua, pois seus
acertos foram estupidamente maiores que seus erros.
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